Questão de prova para gestores
Planejamentos desastrosos são decisivos para ações equivocadas, com consequências em estratégias de comunicação
Questão de prova para gestores. Se um planejamento estratégico é feito de maneira errada, a sua execução pelas equipes operacionais também o será? Se ninguém o questionar, sim. Sobretudo num meio de cumpridores de ordens, como o militar.
É este o cerne da retórica do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres. Ele admite ter assinado o plano de segurança de Brasília às vésperas da tentativa de golpe de 8 de janeiro, mas atribui os erros à PM, sua subordinada, e que só daria tudo errado se caísse uma bomba na Praça dos Três Poderes — como aliás caiu.
Logo depois, o secretário de educação de São Paulo fez algo parecido. Perguntado sobre o abandono do estado ao programa nacional do livro, em prol da digitalização completa do material didático — ainda que alunos pobres não tenham acesso à internet em casa —, o rapaz jogou a culpa em professores e subordinados, que teriam decidido assim. Como se não fosse ele o responsável por tal decisão...
E ambos sequer foram questionados sobre essas respostas.
Aos gestores, recomendo que assistam a depoimentos de gente encalacrada em CPIs e governantes, secretários e que tais postos contra a parede. É um exercício interessante para observarmos táticas de comunicação corretas e equivocadas, e analisar como se poderiam derrubá-las ou não.