Guinada de 180º no CNN 360?

Telejornal experimenta mudanças na apresentação com Raquel Landim, que assumiu o posto após a saída de Daniela Lima, com suposta condução política. Será mesmo?

por Marcelo Dias

8/10/20231 min read

person holding black remote control
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Interessante a estratégia de comunicação de Jair Bolsonaro. O ex-ocupante do Palácio do Planalto percebeu um meio para transmitir sua mensagem através de Raquel Landim, que assumiu o comando do CNN 360, após a saída de Daniela Lima para a Globonews. A moça é identificada nas redes sociais como simpatizante de Bolsonaro e crítica de Lula. Verdade ou não, a condução do telejornal sofreu uma guinada não só pela diferença de estilo das duas apresentadoras.

A própria apuração dela traz muitas informações de bastidores vindas das hostes bolsonaristas, o que é um indício de que o entorno do ex-presidente encalacrado em denúncias de corrupção identificou nela um escoadouro interessante para fazer a sua versão ganhar terreno. Com a Jovem Pan fazendo água após a debandada de patrocinadores que não desejavam mais ficar atrelados à imagem de um canal pró-Bolsonaro e bastante negacionista durante a pandemia, os estrategistas de comunicação dele enxergaram um espaço na CNN Brasil, sob a chancela da reputação de sua matriz mundial, como um meio de disseminar suas alegações.

Há, porém, o contraponto trazido pelos comentaristas políticos, que garantem a isenção da emissora, como uma apuração ampla vinda dos espectros à esquerda, à direita e no centro do campo político nacional. Mas ressalte-se também que, mesmo que seja de fato mais inclinada a Bolsonaro, Raquel não rumina com o gado, como fazia Alexandre Garcia. Ela já discutiu ao vivo com a advogada e deputada estadual Janaína Paschoal, baluarte do bolsonarismo, num debate sobre as joias surrupiadas pelo Mau Militar, como Ernesto Geisel o definiu. Oriunda do noticiário econômico, ela é jornalista e apura, e não engole lorotas vindas de qualquer fonte.

O CNN 360 é apenas um exemplo sobre como é importante reconhecer o terreno e analisar os espaços jornalísticos e seus respectivos públicos-alvo, bem como oportunidades e riscos, antes de se executar qualquer ação de comunicação.