Decisão da Meta ameaça empresas nas redes sociais

Ao acabar com controle de moderação contra publicação de conteúdos falsos, Mark Zuckerberg abre caminho para que marcas sejam atacadas por mentiras e fake news, pondo negócios sob ameaça real no Instagram, no Facebook e no Threads

Marcelo Dias

1/8/20252 min read

Uma pessoa de casaco e capuz, com rosto encoberto, digita em um computador em uma sala sombria.
Uma pessoa de casaco e capuz, com rosto encoberto, digita em um computador em uma sala sombria.

E o Zucka, hein?

Mark Zuckerberg, dono da Meta, decidiu acabar com a moderação de conteúdo — algo fundamental para evitar, por exemplo, que se espalhem mentiras contra pessoas e organizações empresariais, e que grupos criminosos disseminem falsas informações para fomentar um ambiente de insurreição. Para se ter uma ideia, três em quatro grandes companhias brasileiras já foram ameaçadas por conteúdos falsos, vulgarmente conhecidos também fake news. Esse é o tamanho da ameaça representada por posicionamentos como os de Zuckerberg e Elon Musk, dono do X.

Esse elevadíssimo percentual de 75% de empresas atacadas por mentiras nas redes sociais acende o sinal vermelho em relação a essa ameaça. Por ignorância, muita gente boa confunde liberdade de expressão com censura. Influenciados por argumentos distorcidos, acreditam que podem publicar qualquer coisa, sem responsabilidade alguma, como acusações sem provas contra indivíduos e organizações, pregar o uso de medicamentos sem comprovação científica, incitar invasões a hospitais, apologia ao nazismo e ao narcotráfico, defesa da morte de alguém etc.

Para se ter uma ideia da gravidade dos boatos, mortes já foram provocadas por causa de mentiras espalhadas em redes sociais. No ano passado, como todos se lembram, na eleição para prefeito de São Paulo, o candidato-influenciador Pablo Marçal acusou falsamente Guilherme Boulos de ser viciado em drogas. Para isso, forjou um atestado falso de um médico morto, com assinatura adulterada, a apenas 48 horas do pleito. A filha do profissional, indignada, revelou a farsa.

Como se vê, a decisão da Meta representa um risco real para toda a sociedade, da qual as empresas não são um corpo alheio e independente, no mundo digital. Uma mentira dessas lançada por um influenciador de peso podem sim provocar sérios estragos a uma marca, sujando sua imagem e arranhando sua reputação, lançando-a numa crise difícil de ser controlada. E uma vez disseminada nas redes sociais, tais boatos se espalham velozmente como fogo no mato seco. E quanto mais sensacionalistas, maior a sua velocidade.

Essa preocupação é real e imediata. Tanto que muitas empresas já se previnem em relação a ataques a partir das redes sociais. Até que se contenha a crise, aquela versão criminosa já ganhou campo e sempre será relembrada por quem topar com ela em pesquisas em ferramentas de busca como Google ou Yahoo!, em posts nas redes sociais e blogs, por exemplo. O estrago estará feito. Na dúvida, fornecedores poderão abandoná-la a partir de suas práticas de governança. E apesar dos desmentidos, sempre haverá consumidores que não acreditarão na versão da empresa, que irão preferir as fake news por razões morais, desconfiança ou estupidez mesmo.

"Ah, mas podemos ir à Justiça", dirá alguém. Sim, é verdade. Mas até que o caso seja julgado, já era. E grupos concorrentes desleais que recorram à tática suja da disseminação de mentirs em uma estratégia de comunicação digital bem-executada terão conseguido seu objetivo, retirando o rival do caminho e até do mercado. Daí, a importância de moderação de conteúdo como barreira fundamental para retirar do ar e eliminar de vez tais publicações, evitando a propagação de conteúdos mais do que falsos, malignos. #Meta #Zuckerberg #fakenews #diascomunicação